Todos os dias te vejo.

Todos os dias te vejo. Triste, vagaroso, com uma pressa de chegar a lado nenhum.
Traças todas as noites o caminho que trilharás, para todas as manhãs caíres no pensamento de que não vale a pena caminhar. O tempo passa sem que passes pelo tempo.
És o que chamo de alma nua... carregas contigo os sonhos, os planos, o peso da tua felicidade e da felicidade de todos os que rodeiam, porque gostas de agradar. Carregas as vitórias e carregas o sentir de todas as derrotas que foste vivendo.
Ah, as derrotas... Esses fardos corpulentos que te enchem os olhos de lágrimas e te deitam por terra a cada erro que as falhas da vida possam marcar em ti. E acumulas mais no âmago do que és, empurras mais fundo o que sentes até que não saibas mais como sentir. E sorris...


Quando te vejo, todos os dias, é como se me olhasse ao espelho, de tão vazio que te encontro. Respiro fundo, sorrio de volta, e finjo não ter visto o meu reflexo na lágrima presa no canto do teu olhar.

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