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A mostrar mensagens de dezembro, 2018

Todos os dias te vejo.

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Todos os dias te vejo. Triste, vagaroso, com uma pressa de chegar a lado nenhum. Traças todas as noites o caminho que trilharás, para todas as manhãs caíres no pensamento de que não vale a pena caminhar. O tempo passa sem que passes pelo tempo. És o que chamo de alma nua... carregas contigo os sonhos, os planos, o peso da tua felicidade e da felicidade de todos os que rodeiam, porque gostas de agradar. Carregas as vitórias e carregas o sentir de todas as derrotas que foste vivendo. Ah, as derrotas... Esses fardos corpulentos que te enchem os olhos de lágrimas e te deitam por terra a cada erro que as falhas da vida possam marcar em ti. E acumulas mais no âmago do que és, empurras mais fundo o que sentes até que não saibas mais como sentir. E sorris... Quando te vejo, todos os dias, é como se me olhasse ao espelho, de tão vazio que te encontro. Respiro fundo, sorrio de volta, e finjo não ter visto o meu reflexo na lágrima presa no canto do teu olhar.

É o vazio...

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Quando voltei, nada havia senão vazio. Em mim ficou a dor de partir buscando, e saber que não encontrei. Não descobri nada que não tivesse já aqui. Foi em vão esta jornada, e o caminho foi tão longo até que pudesse voltar! É agora hora de limpar o que ficou: o suor dos trilhos ao Sol, as gretas dos troços geados, o mofo das passagens húmidas, e as lágrimas de não ter encontrado o que procurava. É agora hora de decidir: ou ponho tudo de lado e sigo, parto de novo e luto com armas fictícias neste mundo que nada tem de real, ou me resigno à inevitável sensação de busca e não volto a partir. Afinal, o que tenho no caminho é o que sempre tive aqui: uma dúvida constante, e um vazio terrível por procurar sempre, e ainda não saber quem sou...